Por
O presente trabalho tem como objetivo contribuir para a construção
de uma história sobre as histórias em quadrinhos no Brasil, a partir da luta
dos editores de empresas de suplementos, revistas e gibis contra o incremento
da tirania dos censores que se agravou durante as décadas de 1950,
1960 e 1970, que representavam os interesses das elites e das ditaduras
civis e militares, que propagavam seus valores éticos e morais, determinando
o que poderia e/ou deveria ser lido e ensinado para o leitores brasileiros,
sobretudo para o público infanto-juvenil.
A linguagem direta, objetiva
e os diálogos das HQs tem um poder de penetração muito grande na
formação do pensamento do leitor, sobretudo devido ao apelo das imagens,
o que leva a estruturação de um foco de resistência à ideologia dominante
daquela época. O psiquiatra Friedrich Werthman, em seu livro “A Sedução
dos Inocentes” (1951) apontava os heróis e super-heróis das HQs como
responsáveis pelos desvios comportamentais da juventude norte-americana.
Esse trabalho influenciou a linha de pensamento de educadores, professores,
pais, psicólogos e outros profissionais brasileiros, reforçando a
visão conservadora e preconceituosa em relação às HQs comercializadas
em território nacional.
Coube a Adolfo Aizen, criador da EBAL, o pioneirismo
de romper essa concepção retrógrada em relação aos quadrinhos enquanto
uma forma literária híbrida (diálogos e grafismos). Posteriormente,
seu maior concorrente, Roberto Marinho, fundador do Jornal O Globo e
da Rio Gráfica Editora (atual Editora Globo), tornar-se-ia seu maior aliado
na consolidação dos quadrinhos como instrumento literário inclusive com
ampla utilização como recurso didático-pedagógico. As revistas eram
obrigadas a circular com o selo do “Código de Ética”, baseado no modelo
americano de 1954, o que de certa maneira garantia as vendas das HQs e
a sobrevivência das editoras desse segmento.
Atualmente, o cajado que
defende o mundo dos quadrinhos, através de críticas e ensaios especializados
é o editor Gonçalo Jr, onde destacam-se várias obras, dentre elas a
famosa “A Guerra dos Gibis”.
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