Confiram nosso trabalho publicado no XXII Congresso Nacional de Linguística e Filologia, no INSTITUTO DE LETRAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO (UERJ).
UMA PRÉ-HISTÓRIA DOS CATECISMOS (ERÓTICOS):
OS “TIJUANA BIBLES” NA INICIAÇÃO DE CARLOS ZÉFIRO
Cesar Augusto Lotufo (UNESA)
lotufocesar@gmail.com
Andre Luis Soares Smarra (UNESA)
andre@smarra.com.br
O presente trabalho tem por objetivo investigar como se deu a iniciação
de “Carlos Zéfiro” – Alcides Aguiar Caminha (1921-1992) –, que
elaborou as famosas HQs eróticas clandestinas, que invadiram as bancas
de jornais brasileiras entre as décadas de 1950 e 1970, época de forte
censura, sobretudo a partir de 1964, quando um golpe militar derrubou a
democracia militar e implantou um regime ditatorial, sob violenta repressão,
que vigorou até 1985. Nem mesmo o temido “Comics Code” – criado
em 1954 nos E.U.A. e que vigorou no Brasil até a década de 1970,
sob o título “Código de Ética” –, uma espécie de “camisa-de-força” sobre
a criatividade dos roteiristas e desenhistas do mundo dos gibis, na visão
de Lotufo & Smarra (2011), conseguiu limitar a expansão do imaginário
erótico de Carlos Zéfiro, que através de seus trabalhos artísticos consagradores,
causou um impacto extremamente positivo na cultura popular;
uma obra revolucionária, de fato, cuja ditadura militar não conseguiu
reprimir. Carlos Zéfiro revelou a sua identidade – um funcionário público,
casado e pai de 5 filhos e filhas –, e apresentou-se como o verdadeiro
criador dos “catecismos” – existiram muitos imitadores do artista no
Brasil -, em 1991, através de uma entrevista concedida ao jornalista Juca
Kfouri, na época diretor da revista Playboy, que registou o famoso encontro,
em sua edição de número 196. O ganhador do Troféu HQ Mix, de
1992, revelou que a sua inspiração veio dos quadrinhos românticos mexicanos
da Editormex, cujas histórias possuíam dois quadros por página,
e de fotonovelas pornográficas suecas da época. Os desenhos de Carlos
Zéfiro eram feitos diretamente sobre papel vegetal, o que permitia a
impressão direta, sem fotolito, por várias gráficas, o que por sua vez,
facilitava a falsificação. Para Gonçalo Jr. (2004 ), a obra de Carlos Zéfiro
não tem relação com os “Tijuana Bibles” – quadrinhos eróticos norteamericanos,
propagados durante as décadas de 1930 e 1950, que utilizavam
as atrizes da indústria cinematográfica de Hollywood, como Alice
Faye, Bette Davis, Esther Williams, Gracie Allen, Martha Raye e Patsy
Kelly, dentre outras –, entretanto os autores seguem outras pistas, a partir
de pesquisas do próprio Gonçalo Jr. (2010), no pequeno mundo dos
“quadrinhos sujos”, na busca da compreensão do sucesso desse artista
revolucionário que elaborou cerca de 500 novelas pornográficas-eróticas,
com um traço característico e superior aos “Tijuana Bibles”, em preto-ebranco,
no tamanho 1/4 de folha ofício, em edições de 24 a 32 páginas,
que continham um quadro por página. E foram essas HQs subversivas
que “libertaram” as gerações de nossos irmãos mais velhos, que lutavam
contra a repressão daquela época.
Palavras-chave: Gibis. Quadrinhos eróticos. Tijuana Bibles.
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