Confesso de pronto que o Mago
Supremo da Marvel nunca foi um dos meus personagens preferidos e nem suas
histórias enchiam muito meus olhos, talvez pelo fato de que num universo super
heroico a casa das ideias nunca tenha sabido lidar muito bem com a magia, sendo
esta resumida a levitação, viagem astral e raios saindo pelas mãos em universos
paralelos, muito diversamente de sua rival, a DC, que nos anos 80 preferiu
lidar com a magia de forma mais madura, sombria em seu selo adulto a Vertigo
com títulos como Hellblaizer (Constantine), Livros da Magia ou Monstro do
Pântano.
Criado em 1967 por Steve Ditko com argumento e desenhos e
Stan Lee no roteiro e lançado em julho na revista strange tales 110 numa história de 5 páginas, o mago ganhou série
própria em 1967, mas que só durou 15 edições, ganhando nova série só em 1974 e
que durou por 10 anos (muito influenciado pela cultura psicodélica da época,
segundo alguns).
De lá
pra cá Estranho ganhou algumas obras especiais, tornou-se membro dos vingadores
e atualmente tem uma série própria nos Estados Unidos com roteiro de Jason
Aaron e desenhos de Bachalo.
Porém,
embora muito fantasioso e com muitos elementos inventados por Lee, na mão de
alguns bons roteiristas o Mago viveu algumas boas aventuras dignas de nota e que
agora está prestes a estrear nas telonas em carne e osso (cuja adaptação será
analisada num momento futuro).
Como
já falado aqui outras vezes os quadrinhos na educação devem ser usados de modo
a suscitar questões relevantes para debate em sala e não apenas como material
de apoio, embora haja pontos relevantes sobre geografia e religião em histórias
como na Graphic Novel “Shambala” escrita por J. M. Dematteis e lindamente
desenhada por Dan Green ou na curiosa “O que é que está te preocupando,
Stephen?” que tratam de cultura Hindu e sabedoria védica.
Assim,
a própria origem do personagem é um exemplo de redenção sobre um médico
cirurgião arrogante que num acidente perde o movimento das mãos e que vai
buscar a cura na sabedoria e no misticismo do Oriente, aonde descobre a verdade
sobre a magia e sobre si mesmo.
Outro
momento marcante na vida do personagem foi quando se reuniu com outros párias
do Universo Marvel formando em 1971 e mantendo-se em série própria por 15 anos o
grupo mais impensável de todos: Os Defensores, integrando também Hulk, Namor e
Surfista Prateado. Assim, a união do Mago Supremo que tem seu próprio
santuário, um monstro odiado por todos, o último de uma espécie que vivia nas
profundezas do oceano e um ser do espaço condenado à solidão prova a total
possibilidade de se superar as diferenças, de se conviver com o outro
independente de suas origens.
E por
fim, considerada por muitos a melhor história do Dr. Estranho “O Juramento”,
escrita pelo talentoso Brian K. Vaughan (o mesmo de Y e Saga), vemos Stephen
tendo que lidar com uma doença terminal de seu fiel amigo Wong cuja magia não
consegue tratar até se deparar com questões muito maiores que mexem diretamente
com sua formação médica e humanística, tocando em pontos sobre bioética e seu
juramento de Hipócrates, obra que qualquer estudante de medicina deveria ler.
Bem,
creio que assim, temos algumas boas referências para nos ambientarmos e nos
prepararmos para o filme que se aproxima.
E que
Vishanti nos traga muita luz e boa leitura!