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sexta-feira, 31 de julho de 2015

Quadrinhos, adaptações e Shakespeare

Confesso que, pessoalmente, nunca fui muito fã de adaptações literárias para quadrinhos. Creio que sejam mídias diferentes com narrativas diferentes e embora acredite na maturidade da nona arte ela pode empobrecer o texto original, tornando-o ingênuo ou simplesmente enfadonho.
            Nas primeiras adaptações, embora respeitando seu valor histórico, na maioria das vezes se resumia a um recorte do texto literário com uma ilustração, como foi o caso da primeira incursão com o Guarani de José de Alencar publicada em 1947 no Diário da Noite de são Paulo em tiras diárias, cuja tendência se manteve na recém criada EBAL que no final da década de 40 inicia a série Edição Maravilhosa que passa a adaptar para os quadrinhos vários clássicos da língua portuguesa.
            Mais recentemente, a partir de 2006, inicia-se uma nova onda de adaptações em razão da inclusão de quadrinhos no mínimo de obras exigidas nas bibliotecas escolares pelos Parâmetros Curriculares Nacionais a fim de incentivar a leitura.
            Porém, muitas dessas adaptações não deixam de ser uma forma de simplificar a leitura da proza, perdendo-se o objetivo almejado, infantilizando o processo de leitura.
            Assim, por que não incluir na aquisição das escolas e na leitura de nossos alunos não adaptações, mas quadrinhos criados originalmente para essa mídia?!
            Bem, mas não estou aqui apenas para criticar, pelo contrário, existem obras que de fato são relevantes, pelo seu valor artístico e respeito à obra original e à linguagem própria dos quadrinhos, não se tornando uma mera “fotonovela”.
            Um bom exemplo é a coleção da Editora Nemo Shakespeare em quadrinhos que traz o texto muitas das vezes hermético do bardo para uma linguagem mais acessível, mas sem perder sua poesia e dramaticidade, como nos casos de Rei Lear, Macbeth, A Tempestade, Hamlet e Otelo.
            Assim, histórias universais cuja leitura seja mais arenosa, ganham dinamicidade pela ferramenta dos quadrinhos, tornando-se inteligível para um maior número de leitores e sem perder a qualidade.
            E Shakespeare é sempre bem vindo.


            Boa leitura!


sexta-feira, 24 de julho de 2015

Mais uma (ou várias) sobre a Turma da Mônica.

Aproveitando a onda que o meu amigo Cesar Lotufo pegou no meu texto sobre o Batman, agora faço reverências ao tema que lhe é tão caro e que já produziu textos tão relevantes: A Turma da Mônica.

Mas, nada muito profundo. Só algumas pílulas.

Semana passada encerrou o XXII Congresso Internacional de Odontologia que ocorreu no Rio de Janeiro e um dos congressistas em sua palestra sobre odontopediatria.




Aproveitando o tema, no link abaixo tem um quadrinho da turminha muito interessante sobre dente de leite:

E uma novidade bem interessante é a coleção saiba mais, sobre temas específicos e que a desse mês é sobre os invertebrados:



E comemorando os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente a turminha está com uma promoção bem bacana junto a UNICEF. Entre no link para saber mais detalhes:



Boa leitura!

BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS - 2 / Batman: The Dark Knight Strikes Again ( Frank Miller, 2002 )

 1. A CULTURA DO CAVALEIRO DAS TREVAS NAS HQs

Fazemos parte da geração que leu, revisitou e vivenciou grandes sagas de ( super )heróis, sobretudo das estrelares DC Comics e MARVEL, além de ter implorado por continuações das grandes obras que marcaram época no universo das HQs, como WATCHMEN (Alan Moore & Dave Gibbons, 1986) e o CAVALEIRO DAS TREVAS (Frank Miller, 1986), que são consideradas integrantes do grupo das melhores HQs já escritas.

           
2. UM POUCO DE HISTÓRIA
            
Ainda em 1986, Frank Miller cedeu ao assédio dos fãs do Homem-Morcego e informou ao então " Menino Prodígio " da DC Comics, Bob Schreck - um dos grandes nomes da editora -, que gostaria de escrever uma continuação da fantástica epopéia do Morcegão.   Um  Schreck contagiado pela saga famosa passou então a cobrar de Miller a elaboração de   um roteiro, mas o famoso criador de Sin City e " 300 " só demonstraria interesse em trabalhar nessa segunda parte em 1996.
            
Miller procurou Archie Goodwin, então editor das revistas de Batman, e comunicou a sua disponibilidade para escrever a tão esperada continuação. Corria o ano de 1997. Quando tudo parecia acertado entre Miller e a DC para a produção da obra, ainda em fins do séc. XX, Goodwin perdeu uma luta que travava há tempos contra um câncer.
            
Esse banho de água supergelada deixou atônita a galera da DC Comics, e mesmo com a entrada do histórico Denny O'Neil - amigo de Miller há décadas -, no lugar de Goodwin, para cuidar da Divisâo Batman, ninguém mais acreditava na tão desejada continuação, até que o citado " Menino Prodígio " Bob Schreck entrou na briga e convenceu a direção da famosa editora da Liga da Justiça a produzir a obra gráfica. Um primeiro roteiro, escrito por Miller, óbvio, foi aprovado.

           
 3. MUITA EXPECTATIVA & POUCOS ELOGIOS

A história apresenta um Batman mais velho e mais vingativo que o Morcegão da saga original; que enfia a porrada no Superman - outra vez -, e sacaneia o Departamento de Justiça dos E.U.A., assim como os políticos e a mídia......haja  "dèja vú"!!! Muita enrolação. Uns poucos críticos se deram ao luxo de escrever sobre a continuação, utilizando um termo falado por muitos leitores:  LIXO !!!!
           
Resumo da Ópera: a tão esperada continuação frustrou os fãs de Miller e do Morcegão.
           
Resta-nos esperar pelo " Cavaleiro das Trevas - 3 ". O que virá por aí ?


Pequeno Príncipe ganha nova adaptação e é ilustrada com os personagens da Turma da Mônica

Depois de inúmeros sucessos com adaptações de outras obras clássicas como "Romeu e Julieta", “Alice no País das Maravilhas”, “Os Três Porquinhos”, “A Bela e a Fera”, “Sonho de Uma Noite de Verão” dentre outras, agora a turminha irá ilustrar o livro "O Pequeno Príncipe".
 A obra foi traduzida diretamente do original pela escritora Leila Villas e adaptada com ilustrações dos personagens de Mauricio de Sousa lançada e no mês de julho pela Editora Girassol. 
Vale a pena conferir!
Excelente leitura!


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Analisando Kick-ass: quem nunca pensou em ser um herói?


“Sempre me perguntei porque ninguém nunca tentou. Tipo, com tanto filme e seriado baseado em gibi, é de se pensar que pelo menos um carinha mais excêntrico teria feito uma fantasia... Qualé... fala sério. Todo mundo já quis ser super-herói.”

E é assim que começa e termina uma das sagas mais interessantes, corajosas e violentas dos quadrinhos americanos dos últimos tempos. Um garoto que passou a vida lendo gibis decide colocar um colante e com dois bastões tenta lutar contra o crime. Obviamente, a coisa não seria tão fácil. A proposta seria trazer esse universo de fantasiados sem poderes para o mundo real, onde não é possível lutar contra gangues armadas com golpes de karatê. Ou não? Afinal, não deixa de ser uma história em quadrinhos. Qual seria o limite?
           
A obra é magistralmente escrita por Mark Millar (que vem construindo seu próprio universo autoral com várias obras adaptadas para o cinema, como wanted: procurado, Kingsman e o próprio Kick-Ass, além de ser responsável pela Guerra Civil da Marvel e os Supremos, a melhor versão dos vingadores já escrita) e desenhada pelo inigualável John Romita Jr (artista de X-men, Homem de ferro, Homem Aranha, Justiceiro, Wolverine, Hulk, dentre outros).
            
Ao tempo que a história comece pela realidade ela se esbarra com Big Daddy e Hit-Girl, pai e filha que nos moldes tradicionais dos quadrinhos treinaram a vida toda para dar uma surra nos bandidos, permitindo-se a fantasia de uma criança cortando um adulto ao meio com uma katana, havendo um constante entrelace entre a realidade e o imaginário, pois nada disso é isento de sacrifícios e perdas como na vida, embora numa passagem repleta de significados a Hit-Girl, com uma piscadela, diz para o Kick-Ass: “Te vejo nos gibis”.
            
Mas, por que falar desse quadrinho nesse blog sobre educação? Bem, primeiro porque aqui também é para se falar de quadrinhos, mas porque num momento de desespero o próprio protagonista questiona o universo dos heróis e gibis. Que desperdício de vida, que informações inúteis. Por que perder tempo lendo quadrinhos?
           
E numa visão de seus pais vem a resposta: “Eles não dão só escapismo, mas otimismo em cada edição. Os heróis nos lembram que qualquer apuro tem solução e que desistir não é opção. Que lição melhor que essa para crescer?”
            
Então é isso.


Segure o fôlego e boa leitura.


quinta-feira, 16 de julho de 2015

ZIRALDO & LOJAS AMERICANAS NA LUTA PELA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL


A Turma do Pererê, através do AMAZING Ziraldo, criador, cartunista, roteirista, ilustrador, jornalista, enfim, ARTISTA MULTIMÍDIA, é o novo parceiro das Lojas Americanas (Lojas Americanas e Americanas.com) em uma inédita campanha pela conscientização e conservação ambiental, que tem como objetivo orientar cerca de 5 milhões de consumidores na sua prática responsável.

As cinco histórias-em-quadrinhos da turminha do bem, criada pelo Mestre Ziraldo, em fins dos anos 50/início dos anos 60, serão distribuídas nas quase 970 lojas da megaempresa, em território nacional. A primeira delas, " Sobrevivência " já circula desde 26 de junho de 2015, inclusive através de um vídeo, na fanpage das Lojas Americanas, no Facebook.

Necessitamos de " Empresas Verdes " como essa, pois a conscientização de funcionários e consumidores sobre o uso racional da água e das fontes energéticas é de extrema importância para a manutenção sadia da " Teia da Vida " do Planeta Terra, bem como  a coleta seletiva de lixo, reciclagem de materiais e consumo responsável.

              TOMARA QUE A IDEIA TENHA SUCESSO E VIRE MODA !!!!
              Para saber mais, leiam o jornal " Destak ", de 10 de julho de 2015, p.14.  

A LEITURA DE " BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS " (Frank Miller, 1986) É OBRIGATÓRIA !!!!


Aí galera que se liga no Morcegão, é hora de aproveitar a onda que a mídia criou, na periferia do longa "Batman vs Superman ", que fará sua estréia em 2016. A turma mais jovem, que passou a apreciar HQs de (super) heróis DC / MARVEL, a partir dos anos 90, desconhece o "making off" das tramas ACT ( Antes do Cavaleiro das Trevas ). Esse público é da Era DCT (Depois do Cavaleiro das Trevas). Já a rapaziada que tem cerca de quarentinha ou mais de idade, tem a OBRIGAÇÃO de ler essa INCRÍVEL SAGA, escrita e desenhada pelo Mestre Frank MILLER, com Arte-Final de de Klaus JANSON e colorida por Lynn VARLEY, em 1986. Claro que essa turma sobretudo a galera do nosso blog, CONHECE a referida epopeia, até melhor que o escritor dessas linhas.

E porque será que insistimos com esse assunto, seguindo a trilha que o Professor Luciano Filizola (nosso colunista das sextas-feiras), inaugurou no dia 10 de julho de 2015 ? Ora, porque é MARCO ZERO dos novos universos DC & MARVEL. E escreveremos também sobre  " O Cavaleiro das Trevas - 2.  Não sabemos se é uma promessa ou uma ameaça, mas acontecerá. Já anunciamos a 3a. parte dessa saga histórica, prometida para o 2o. semestre de 2015, nos E.U.A., além de comentar a sua importância no San Diego Comic Con, 2015.
         
Vamos recordar o básico da 1a. jornada: um combatente do crime, já envelhecido e amargurado, decide voltar à luta, anos depois de sair de cena, em um breve e atemporal futuro sombrio, nas ruas de Gotham City. Depois da aposentadoria o nosso morcegão voltou cruel e com uma bestial sede de Justiça. Justiça? Há quem jure que o Cruzado de Capa voltou em busca de Vingança. A verdade é que a direção da DC Comics deu a Frank Miller TOTAL LIBERDADE para explorar,  até de  uma forma delirante ( esse papo já é por nossa conta ), uma narrativa sobre a transformação de um defensor da Lei, em um implacável justiceiro, um vingador mais sombrio que a própria construção da realidade social de Gotham City. 

VALE A PENA (RE) LER !!!!





domingo, 12 de julho de 2015

Jerônimo - O Herói do Sertão

Criado por Moysés Weltman em 1953, Jerônimo era o mais famoso dos heróis da Rádio Nacional. Era um herói que lutava pelos fracos e oprimidos nos sertões brasileiros, montando seu cavalo Príncipe e sempre auxiliado por seu inseparável ajudante o Moleque Saci. Ganhou vida pelas mãos do lendário desenhista brasileiro, Edmundo Rodrigues e permaneceu nos quadrinhos durante 5 anos (62 edições mensais e 5 almanaques especiais). O gibi número 1 chegou às bancas em julho de 1957. Devido ao estrondoso sucesso, em menos de 48 horas, a RGE precisou colocar em circulação uma segunda edição da revista, com o dobro de exemplares.



sábado, 11 de julho de 2015

Tese de Doutorado em Quadrinhos

O doutorando Nick Sousanis, da Universidade de Columbia, inovou a apresentar sua tese de doutorado no formato de Histórias em quadrinhos.

A tese intitulada "Unflattening" trata da comparação entre linguagem visual e escrita na perspectiva de que ambas estão entrelaçadas. O uso dos quadrinhos foi para mostrar a importância do uso de imagens no processo ensino-aprendizado.






sexta-feira, 10 de julho de 2015

Notas e novidades sobre o Cavaleiro das Trevas

1 – Um dos maiores clássicos dos quadrinhos, O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, lançado em 1986, cuja continuação de 2001 não foi muito bem recebida pelos fãs, ganhará uma nova continuação com roteiro de Frank Miller e Brian Azzarello (excelente roteirista) e desenhos de  Andy Kubert. Ao tempo que gere uma expectativa, não há como também não ficar apreensivo, uma vez que tal obra vem apenas em razão do vindouro filme Batman vs. Superman – A origem da Justiça , que é levemente inspirado na referida história, vindo, assim, na esteira do possível sucesso nas telonas, além do fato de que as últimas obras do renomado autor não tenham sido muito brilhantes, havendo o alento da presença de Azzarello, autor do ótimo “100 balas”. Vamos aguardar.



2 – E falando do filme, embora haja muita apreensão, pois a DC tenta correr atrás de anos perdidos com poucas experiências no cinema, enquanto que a Marvel torna-se um campeão de bilheteria, segue a imagem da armadura que o Batman usará no filme para lutar contra o Super, assim como nos quadrinhos, que está em exposição na Comic Com de San Diego.



3 – E ainda sobre o futuro cinematográfico do morcegão, o boato vai aumentando cada vez mais sobre o fato de que o diretor e ator Bem Affleck dirigirá e estrelará o próximo filme solo do Batman.


sexta-feira, 3 de julho de 2015

PALAVRAS VIVAS: CONSIDERAÇÕES INESCRITAS

Sem dúvida outras obras em quadrinhos já fizeram referências literárias e brincaram com personagens da ficção, como Neil Gaiman com Sandman, Alan Moore com sua Liga Extraordinária e as Fábulas de Bill Willinghan, mas nenhuma foi tão contundente quanto O Inescrito de Mike Carey e Peter Gross. Aqui o autor procura provocar o leitor com temas que vão do sensacionalismo midiático até a efetiva capacidade dos livros mudarem o mundo.

  A história tem como fio condutor Tommy Taylor, filho de Wilson Taylor, autor de um dos maiores best sallers  dos últimos tempos que narra as aventuras de um garoto bruxo. Ocorre que Tommy é incessantemente comparado pelos fãs com a criação de seu pai e, logicamente, o fato de ambos possuírem estéticas muito semelhantes às de Harry Potter e Timothy Hunter (Personagem de Neil Gaiman nos Livros da Magia e que já levou J. K Rowling a ser acusada de ter plagiado este na criação de Potter) não é mera coincidência.

  Porém, quando o pai de Tommy desaparece, surge um mistério e pistas que levam à pergunta se ele, na verdade, não seria mais do que uma inspiração para o personagem, mas o próprio personagem que ganhou vida!

  Assim, repleto de metáforas literárias, como o encontro com o monstro de Frankenstein, boas sacadas como o inconsciente coletivo representado pela baleia Moby Dick e conspirações milenares a grande sacada da série são as várias possibilidades de se analisar o papel e a relevância da leitura.


 E sem entregar as suas várias surpresas, vale destacar o volume 7 das edições encadernadas que considero uma das melhores histórias em quadrinhos dos últimos 10 anos (foi publicada nos EUA em 2012 e aqui pela Panini em 2014), a qual trás as edições 31 a 35 da série, sendo um interlúdio que pode ser lido mesmo por quem não leu as anteriores, pois não aparecem os personagens principais, mas narra como ao longo da história a publicação e divulgação de histórias são manipuladas a fim de se garantir certos interesses, como a queima de papiros na China, como uma charge pode iniciar uma guerra e o problema da invenção da prensa.

   Assim, O Inescrito rompe a delicada fronteira entre o real e o imaginário proporcionando mais do que um ótimo entretenimento, mas elevadas reflexões sobre o papel dos livros em nossas vidas.


Boa leitura!