Continuando os relatos sobre
minhas aventuras quadrinhísticas em Santiago falarei sobre o mercado e a
distribuição de um modo geral, principalmente quanto às obras estrangeiras.
No Chile não há uma editora própria que faça a tradução
dos quadrinhos de outras línguas, como Marvel e DC, tendo que importar todas as
revistas da Espanha, aonde se traduz e realiza a distribuição. O que, num
primeiro momento, se mostra uma desvantagem em razão da logística e custo, logo
se percebe o excelente custo benefício, uma vez que a Espanha traduz quase que
tudo de interessante que há no mundo dos quadrinhos.
Tendo em vista os inúmeros acordos comerciais e de livre
comércio que o Chile possui com vários países o produto final não chega tão
caro às prateleiras ao tempo que se consegue uma vasta variedade de títulos que
jamais chegaram ou chegariam no mercado brasileiro.
Como já dito, tirando o Condorito, não há quadrinhos em
bancas de jornais, diferente do Brasil, sendo a venda restrita às comic shops.
Assim, enquanto que aqui ficamos felizes em encontrar nossas revistinhas na
banca perto de casa e com duas prateleiras de quadrinhos mais caros e
diferenciados em algumas livrarias, lá temos lojas inteiras, assim como nos
Estados Unidos, destinadas à nona arte e com uma quantidade absurda de opções
em espanhol, incluindo quadrinhos americanos, europeus e mangás.
Assim, para evitar a falência consegui adquirir alguns
títulos variados e que sabia que jamais encontraria por aqui, principalmente de
europeus, tais como Crônicas de Wormwood
de Garth Ennis, o mesmo autor de Preacher, que trata do anticristo, que já vive
aqui na Terra como dono de um canal a cabo; uma história inédita de Indiana
Jones (sou fã incondicional): Indiana
Jones e a Tumba dos Deuses; Pela Editora Norma alguns quadrinhos europeus
como o espanhol Peregrinos del infierno de Antonio Segura e José Ortiz, esse
último já conhecido do público brasileiro pelas poucas obras que chegaram aqui
pela extinta Heavy Metal; a italiana O
escorpião, famosa saga a lá Zorro de
Desberg e Marini e a francesa Estela,
uma obra de ficção científica Morvan e Buchet que narra as histórias e uma nave
que busca novos mundos colonizáveis tendo como personagem principal a única
humana a bordo chamada Navis que procura por outros de sua espécie, obra essa
que ganhou por dois anos o prêmio Angoulême.
E tudo isso só para vermos como ainda estamos
engatinhando quando se fala em acesso à quadrinhos mais rebuscados, mais
alternativos e de qualidade.
Quem for em Santiago não deixe de ir nas comic shops,
principalmente do bairro da Providence.
Boa leitura!