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quinta-feira, 27 de setembro de 2018

FESTIVAL DE QUADRINHOS DE LIMEIRA

Olá Pessoal!

Nos dias 29 e 30 de setembro teremos o Festival de Quadrinhos de Limeira.

Para maiores informações clique AQUI!

Não Percam!


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

23/09 - BATMAN DAY

Olá Pessoal!

No dia 23 de setembro teremos o "Batman Day", a partir das 15h, na Gibiteca de Santos.

Confira abaixo a programação! 


domingo, 9 de setembro de 2018

UMA PRÉ-HISTÓRIA DOS CATECISMOS (ERÓTICOS): OS “TIJUANA BIBLES” NA INICIAÇÃO DE CARLOS ZÉFIRO

Olá Pessoal!

Confiram nosso trabalho publicado no XXII Congresso Nacional de Linguística e Filologia, no INSTITUTO DE LETRAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO (UERJ).

UMA PRÉ-HISTÓRIA DOS CATECISMOS (ERÓTICOS): OS “TIJUANA BIBLES” NA INICIAÇÃO DE CARLOS ZÉFIRO 
Cesar Augusto Lotufo (UNESA) lotufocesar@gmail.com 
Andre Luis Soares Smarra (UNESA) andre@smarra.com.br 

O presente trabalho tem por objetivo investigar como se deu a iniciação de “Carlos Zéfiro” – Alcides Aguiar Caminha (1921-1992) –, que elaborou as famosas HQs eróticas clandestinas, que invadiram as bancas de jornais brasileiras entre as décadas de 1950 e 1970, época de forte censura, sobretudo a partir de 1964, quando um golpe militar derrubou a democracia militar e implantou um regime ditatorial, sob violenta repressão, que vigorou até 1985. Nem mesmo o temido “Comics Code” – criado em 1954 nos E.U.A. e que vigorou no Brasil até a década de 1970, sob o título “Código de Ética” –, uma espécie de “camisa-de-força” sobre a criatividade dos roteiristas e desenhistas do mundo dos gibis, na visão de Lotufo & Smarra (2011), conseguiu limitar a expansão do imaginário erótico de Carlos Zéfiro, que através de seus trabalhos artísticos consagradores, causou um impacto extremamente positivo na cultura popular; uma obra revolucionária, de fato, cuja ditadura militar não conseguiu reprimir. Carlos Zéfiro revelou a sua identidade – um funcionário público, casado e pai de 5 filhos e filhas –, e apresentou-se como o verdadeiro criador dos “catecismos” – existiram muitos imitadores do artista no Brasil -, em 1991, através de uma entrevista concedida ao jornalista Juca Kfouri, na época diretor da revista Playboy, que registou o famoso encontro, em sua edição de número 196. O ganhador do Troféu HQ Mix, de 1992, revelou que a sua inspiração veio dos quadrinhos românticos mexicanos da Editormex, cujas histórias possuíam dois quadros por página, e de fotonovelas pornográficas suecas da época. Os desenhos de Carlos Zéfiro eram feitos diretamente sobre papel vegetal, o que permitia a impressão direta, sem fotolito, por várias gráficas, o que por sua vez, facilitava a falsificação. Para Gonçalo Jr. (2004 ), a obra de Carlos Zéfiro não tem relação com os “Tijuana Bibles” – quadrinhos eróticos norteamericanos, propagados durante as décadas de 1930 e 1950, que utilizavam as atrizes da indústria cinematográfica de Hollywood, como Alice Faye, Bette Davis, Esther Williams, Gracie Allen, Martha Raye e Patsy Kelly, dentre outras –, entretanto os autores seguem outras pistas, a partir de pesquisas do próprio Gonçalo Jr. (2010), no pequeno mundo dos “quadrinhos sujos”, na busca da compreensão do sucesso desse artista revolucionário que elaborou cerca de 500 novelas pornográficas-eróticas, com um traço característico e superior aos “Tijuana Bibles”, em preto-ebranco, no tamanho 1/4 de folha ofício, em edições de 24 a 32 páginas, que continham um quadro por página. E foram essas HQs subversivas que “libertaram” as gerações de nossos irmãos mais velhos, que lutavam contra a repressão daquela época. 

Palavras-chave: Gibis. Quadrinhos eróticos. Tijuana Bibles.

domingo, 2 de setembro de 2018

ANGELO AGOSTINI: UM HERÓI NA LUTA CONTRA O XENOFOBISMO

Olá pessoal!

Confiram nosso trabalho publicado no XXII Congresso Nacional de Linguística e Filologia, no INSTITUTO DE LETRAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO (UERJ).


ANGELO AGOSTINI: UM HERÓI NA LUTA CONTRA O XENOFOBISMO 

Cesar Augusto Lotufo (UNESA) lotufocesar@gmail.com 
Andre Luis Soares Smarra (UNESA) andre@smarra.com.br 


Angelo Agostini é um dos pioneiros na construção da linguagem sequencial dos quadrinhos. Em meio às controvérsias sobre a primeira HQ do mundo – para os norte-americanos, “The Yellow Kid”, de Richard Outcault (1863-1928), publicado esporadicamente na revista “Truth”, entre os anos de 1894 e 1895; para os ingleses, foi a revista “Comic Cuts”, com muito texto e poucos quadrinhos, lançada em 17/05/1890, pelo magnata da imprensa, Alfred Harmsworth, depois Lord Northcliffe, em Londres –, seu primeiro personagem, o caipira “Nhô Quim”, já aparecia na revista “Vida Fluminense”, na sua famosa aventura “Impressões de uma Viagem à Corte”, em 30/01/1869! O impacto desse lançamento é tanto, que essa data é reservada ao “Dia do Quadrinho Nacional”. Angelo Agostini (1843-1910), o ítalo-brasileiro, jornalista e fundador da mundialmente conhecida “Revista Illustrada” (1876), foi um abolicionista e republicano, que através de suas ilustrações e HQs – Nhô Quim e Zé Caipora –, fazia sátiras aos monarquistas, escravistas e membros da das elites brasileiras, sobretudo do cotidiano carioca. A HQ “As Aventuras de Zé Caipora” (1883), uma espécie de Tarzan tupiniquim, ganhou status internacional. O que poucos conhecem é a sua luta contra o xenofobismo de nobres, “senhores de chácara” cariocas, cidadãos brancos e cidadãos mulatos que negavam a sua negritude, que era direcionado aos escravos africanos e aos “escravos” chineses, que começaram a chegar ao Rio de Janeiro em 1812 e em 1819, já formavam uma colônia de 300 pessoas. Tal fato foi registrado por Johan Moritz Rugendas (1802-1858), em seu livro Viagem pitoresca através do Brasil, entre 1821 e 1825. Os chineses vieram para o Brasil, a fim de preencher um déficit de escravos africanos, consequência da proibição do comércio negreiro pelos ingleses, que consideraram tráfico. Esses chineses trouxeram a sua cultura do plantio de chá, além de mudas e sementes, que foram plantadas, inicialmente, na fazenda da Família Imperial, depois Jardim Botânico Real. Depois, com a chegada de mais chineses, a Fazenda Real de Santa Cruz também recebeu a cultura do chá, assim como as terras do Alto da Boa Vista, que foi ligado ao Jardim Botânico Real em 1856, por uma estrada construída por chineses. Esses chineses eram caçados, quando fugiam, e castigados impiedosamente. Sofriam os efeitos dos preconceitos da época, norteada pelas ideias de Arthur de Gobineau (1816-1882), o Conde de Gobineau, um diplomata francês, racista e xenófobo ao extremo, que viveu na corte do imperador D. Pedro II e escreveu o livro que serviu de base para as ideias racistas de Hitler, As raças humanas, em meados do séc. XIX, onde condenava o processo de miscigenação étnica do Brasil. Angelo Agostini lutou furiosamente contra o ódio destilado por parte da sociedade carioca em relação aos negros e os chineses. Mesmo depois da assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, em 1881, entre o Brasil e a china, onde o imperador D. Pedro II estava proibido de trazer chineses para o Brasil, já que eram tratados como escravos, o comércio ilegal de chineses continuou. Mais uma vez, desencadeou uma campanha feroz contra esse tráfico e contra o tratamento dado aos chineses, através de seus desenhos, que tem um complexo significado social, discutido até hoje, no campo da Semiótica. A Revista Illustrada, tornava-se assim, um pilar relativizador, graças a linguagem destes quadrinhos e de seus personagens, na luta contra o xenofobismo. O seu clássico quadrinho sobre a “evolução da espécie humana”, publicado na Revista Illustrada N.120, p. 8, de 13/07/1878, tornou-se um clássico. Nessa ilustração, observamos um escravo africano, seguido de um camponês chinês, e depois desse, um bem vestido cidadão branco, observados por um indignado cidadão mulato, já que o chinês tomara o seu lugar na escala evolutiva das culturas! Os autores do presente trabalho investigam como os personagens 100% nacionais, de Angelo Agostini, participaram dessa luta contra o xenofobismo e pelo fim da servidão, já que na década de 1880 os conflitos étnicos eram comuns na Cidade do Rio de Janeiro e em outros centros urbanos do Brasil. 

Palavras-chave: Xenofobismo. Angelo Agostini. Histórias em Quadrinhos.