Há
alguns anos atrás eu tinha sérios problemas com quadrinhos nacionais.
Simplesmente não me convenciam. Tirando a vertente que sempre foi forte, o
humor, com Ziraldo, Henfil, Angeli, Glauco e Laerte, via-se muito arremedos de
quadrinhos americanos e com roteiros muito fracos. Na verdade, durante os anos
80 e 90, sem querer generalizar, mas já generalizando, víamos bons desenhos,
mas as histórias e diálogos eram bem pueris.
Porém,
para nossa sorte, a coisa mudou já tem um bom tempo. E a nova safra veio com
tudo! Uma pena que ainda sejam trabalhos isolados no sentido de que,
geralmente, são desenhistas que nasceram com a graça de escrever bem e bolar
boas histórias, o que facilita fazer seu próprio trabalho, demonstrando como
ainda é tão pouco profissional a produção de quadrinhos no Brasil, sendo rara a
união de artistas sérios e engajados para a construção de uma obra, dividindo
as tarefas de roteiro, arte, arte final, letras entre pessoas diferentes.
E
nossa contribuição de hoje tratará exatamente disso: de alguns quadrinhos
nacionais da nova geração que são imperdíveis.
Para
mim, o mais incrível de todos ainda é Mesmo
Delivery do Raphael Grampá, que narra a história de uma agência de entrega
muito misteriosa no melhor estilo Tarantino.
Bando de Dois de
Danilo Beiruth que traz uma aventura empolgante de bang bang no Cangaço
brasileiro, com direito à cangaceiros, tenentes, seca e muita poeira.
Yuri: quarta feira de cinzas de
Daniel Og, a qual conta a inusitada história do sujeito que morre no carnaval do
Rio de Janeiro e volta, tal como um zumbi, porém totalmente consciente e, como
ele diz, sem nenhuma iluminação ou mensagem ou missão divina. Numa grande
reflexão sobre o estar vivo, e ainda com algumas doses de humor, uma passagem
do personagem resume bem o teor da obra: “E a única coisa em comum entre eu e a
cidade maravilhosa... É que nós dois estamos apodrecendo.”
E um
dia me chegou por acaso Cidadão N de
Danyel Lopes. Este com um tom um pouco mais infanto juvenil, mas, ainda assim,
não menos brilhante e nada ingênuo, pois se refere a um menino que é capaz de
ver possibilidade e que vai ajudar uma ideia desperdiçada a voltar para a
inspiração numa narrativa repleta de magia com uma das ilustrações mais belas que
já vi no quadrinho nacional.
E
por fim, mas não menos importante, saindo do forno temos Ilhado: sonho antigo. Ele está em pré-venda, mas já chegou para nós
aqui do blog e trata de uma história no melhor estilo Vertigo de um rapaz que
se encontra com sonhos recorrentes que, estranhamente, parecem mais reais do
que deveriam.
Boa
leitura!
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