Já há algum tempo está na moda
quadrinhos autobiográficos. E por esses dias me chegou às mão por meu amigo
José Carlos a volumosa história da Austríaca Ulli Lust sobre suas desventuras
na juventude com uma amiga numa viagem a pé até a Sicília em 1984.
Semelhante ao modelo dos road movies, teríamos um road
comic, em que a autora narra os vários perrengues em busca de liberdade e o
sonho de ver o mar encontrando com personagens de todos os tipos, o que rendeu
a presente obra que já ganhou alguns prêmios na Europa.
Porém, confesso que fiquei muito confuso sobre minhas
próprias impressões, pois numa postura punk as protagonistas aceitaram de bom
grado se sujeitar a uma série de situações bem degradantes que, num primeiro
momento aceita-se pelo desapego da juventude, até se chegar a casos de
violência, como dormir na rua, admitir ter relações sexuais contra a vontade
com parceiros distintos apenas para dormir debaixo de um teto, drogas, estupro
e até um encontro com membros da máfia italiana.
Com isso, numa jornada dessa natureza, eu imaginava que
fosse tratada com certo humor, ainda que negro, intercalada com o absurdo das
situações ou como denúncia, num diário sobre redenção. Mas, não é o que se
observa. Embora, em certo momento a autora perceba sua situação de risco e
volta para a segurança do lar, em nenhum momento há arrependimento pela
violência que ela impôs a si mesma, dificultando muito qualquer empatia com a personagem.
Por outro lado, tratando do tema que é nosso blog,
conclui pela única forma que seria possível uma leitura da obra. Um alerta. Sim,
creio que ela deve ser trabalhada nas escolas junto aos jovens numa forma de
registro vivo das várias maneiras que uma pessoa de forma impensada pode se
colocar em risco e se submeter à degradação moral sem que agregue qualquer
valor nisso.
Boa leitura!
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