Embora, conforme aqueles que
acompanham já sabem, há décadas os quadrinhos vêm se diversificando e
estabelecendo um nicho para leitores adultos, com temas mais rebuscados ou
simplesmente inapropriados para menores.
Já superado o odioso selo de
censura, creio válidos os atuais indicativos de idade ou ao menos a indicação
de que a obra seja voltada para leitores maduros, tanto no que se refere a sua
acessibilidade intelectual como também à liberdade usada pelo autor que pode
tratar de temas não compatíveis com a pouca idade do leitor, pois, sem entrar
no mérito da subversão de nossas criancinhas, acredito que tudo tenha o seu
tempo.
Mas, infelizmente, essa
compreensão parece não chegar ao grande público, como ficou demonstrado na
ocasião do lançamento do novo filme da Marvel: Deadpool, o qual pretendo
realizar duas análises.
Esse personagem foi criado por
Rob Liefeld em 1991 e era tratado de forma secundária, mas ganha força
posteriormente como mercenário, desenvolvendo um humor ácido e sádico em
histórias com muita violência e bizarrices.
Assim, o personagem vai
ganhando uma liberdade criativa mais voltada para um leitor maduro, mas sem ser
sombria ou melancólica.
E a partir de 2014 o ator Ryan
Reynolds junto com o diretor Tim Miller começa uma campanha na internet com um
vídeo curto do filme para alavancar a campanha de sua produção, ganhando a
atenção e todo o incentivo dos fãs.
E com um orçamento modesto de
R$ 58 milhões o filme faturou em seu final de semana de estreia R$ 135 milhões
só nos EUA, o que era inimaginável para o Estúdio, tendo em vista a posição de
seus realizadores em não abrir mão da classificação R, que aqui no Brasil ficou
com o público de idade superior a 16 anos. E o sucesso se deu em razão da
grande criatividade e coragem do roteiro de manter toda a loucura do original.
Assim como o filme “Se beber não case” Deadpool é um filme de adolescente para
adultos, só que agora com um super-herói (embora ele odeie esse adjetivo).
Então, o filme, assim como o
quadrinho, não é para crianças, em razão de seus inúmeros palavrões, senas de
sexo, nudez e violência explícita, embora todas muito bem contextualizadas.
Porém, o que me causou
espanto, foi o enorme número de pais levando seus filhos pequenos para ver o
filme.
Ainda que se escuse o
desconhecimento do personagem, a indicação de idade definida para um filme não
é por nada ou feita sem um motivo. Amparada na velha ideia de que quadrinhos e
heróis são para crianças, os pais sequer buscavam se informar sobre o conteúdo
da obra, a qual já é bastante pesada inclusive para um adulto menos avisado.
Então, fica um alerta, os
quadrinhos, como qualquer manifestação artística, tem como fim não só fazer
refletir, mas também entreter, segundo a faixa etária de seu leitor e devemos
ficar atentos a isso, para não prestarmos um desserviço à instrução de nossos
pequenos.
Boa leitura e bom filme!
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