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domingo, 9 de setembro de 2018

UMA PRÉ-HISTÓRIA DOS CATECISMOS (ERÓTICOS): OS “TIJUANA BIBLES” NA INICIAÇÃO DE CARLOS ZÉFIRO

Olá Pessoal!

Confiram nosso trabalho publicado no XXII Congresso Nacional de Linguística e Filologia, no INSTITUTO DE LETRAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO (UERJ).

UMA PRÉ-HISTÓRIA DOS CATECISMOS (ERÓTICOS): OS “TIJUANA BIBLES” NA INICIAÇÃO DE CARLOS ZÉFIRO 
Cesar Augusto Lotufo (UNESA) lotufocesar@gmail.com 
Andre Luis Soares Smarra (UNESA) andre@smarra.com.br 

O presente trabalho tem por objetivo investigar como se deu a iniciação de “Carlos Zéfiro” – Alcides Aguiar Caminha (1921-1992) –, que elaborou as famosas HQs eróticas clandestinas, que invadiram as bancas de jornais brasileiras entre as décadas de 1950 e 1970, época de forte censura, sobretudo a partir de 1964, quando um golpe militar derrubou a democracia militar e implantou um regime ditatorial, sob violenta repressão, que vigorou até 1985. Nem mesmo o temido “Comics Code” – criado em 1954 nos E.U.A. e que vigorou no Brasil até a década de 1970, sob o título “Código de Ética” –, uma espécie de “camisa-de-força” sobre a criatividade dos roteiristas e desenhistas do mundo dos gibis, na visão de Lotufo & Smarra (2011), conseguiu limitar a expansão do imaginário erótico de Carlos Zéfiro, que através de seus trabalhos artísticos consagradores, causou um impacto extremamente positivo na cultura popular; uma obra revolucionária, de fato, cuja ditadura militar não conseguiu reprimir. Carlos Zéfiro revelou a sua identidade – um funcionário público, casado e pai de 5 filhos e filhas –, e apresentou-se como o verdadeiro criador dos “catecismos” – existiram muitos imitadores do artista no Brasil -, em 1991, através de uma entrevista concedida ao jornalista Juca Kfouri, na época diretor da revista Playboy, que registou o famoso encontro, em sua edição de número 196. O ganhador do Troféu HQ Mix, de 1992, revelou que a sua inspiração veio dos quadrinhos românticos mexicanos da Editormex, cujas histórias possuíam dois quadros por página, e de fotonovelas pornográficas suecas da época. Os desenhos de Carlos Zéfiro eram feitos diretamente sobre papel vegetal, o que permitia a impressão direta, sem fotolito, por várias gráficas, o que por sua vez, facilitava a falsificação. Para Gonçalo Jr. (2004 ), a obra de Carlos Zéfiro não tem relação com os “Tijuana Bibles” – quadrinhos eróticos norteamericanos, propagados durante as décadas de 1930 e 1950, que utilizavam as atrizes da indústria cinematográfica de Hollywood, como Alice Faye, Bette Davis, Esther Williams, Gracie Allen, Martha Raye e Patsy Kelly, dentre outras –, entretanto os autores seguem outras pistas, a partir de pesquisas do próprio Gonçalo Jr. (2010), no pequeno mundo dos “quadrinhos sujos”, na busca da compreensão do sucesso desse artista revolucionário que elaborou cerca de 500 novelas pornográficas-eróticas, com um traço característico e superior aos “Tijuana Bibles”, em preto-ebranco, no tamanho 1/4 de folha ofício, em edições de 24 a 32 páginas, que continham um quadro por página. E foram essas HQs subversivas que “libertaram” as gerações de nossos irmãos mais velhos, que lutavam contra a repressão daquela época. 

Palavras-chave: Gibis. Quadrinhos eróticos. Tijuana Bibles.

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