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sexta-feira, 12 de junho de 2015

Demolidor: uma questão de religião e justiça

Desde o final dos anos 80 me percebi muito mais próximo dos heróis urbanos, como o Batman, que sem poderes usavam o auge de suas habilidades físicas e intelectuais para lutar contra o crime e um dos meus preferidos sempre foi o Demolidor, principalmente depois de acompanhar a esplêndida fase em que Frank Miller passou pelo título, resgatando-o do cancelamento.

Um herói que ficando cego na infância, mas adquirindo um aprimoramento nos outros sentidos e uma espécie de radar, acaba se tornando advogado e vigilante mascarado. Verificando as falhas do sistema penal passa a usar uma roupa de demônio para fazer justiça com seus punhos pela Cozinha do Inferno, bairro de Nova York. Mas, o que ele faz é Justiça? E por que uma roupa que evocaria o mal? Ampliando a mitologia, mas sem maculá-la, e trazendo novas reflexões sobre o personagem, a atual série televisiva contribui bastante, numa produção, roteiro e atuações impecáveis, recomendada mesmo para quem nunca leu o gibi.

Num artigo já publicado sobre o tema, chegamos à conclusão, sem estragar o imaginário dos heróis, que a distribuição de sopapos não configuraria Justiça, mas apenas uma satisfação ao sentimento de vingança ou, quando muito, a tentativa de se evitar injustiças, pois, na maioria das vezes a prisão realizada ou as provas recolhidas seriam consideradas ilegais pelo meio obtido.

Mas, é a série que traz a melhor explicação para a roupa, considerando que Matt Murdock, o alter ego do herói, é católico. Segundo suas conclusões o demônio teria uma função bem utilitária segundo as motivações do Todo Poderoso, pois a existência do mal personificado que representa as aflições futuras oriundas de uma vida de pecado não deixa de ser uma forma de afugentar o indivíduo em direção da luz.

Assim, o verdadeiro papel do diabo não é arregimentar almas para o pecado, mas ajudar Deus no acolhimento do rebanho, sendo uma força coercitiva, intimidando o sujeito exatamente para que não falhe, para que não peque, como a lei através de suas normas e sanções.

Mas, é claro, que tudo isso vem acompanhado de muita pancadaria.


Boa leitura! 



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