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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

AIDS, BIOGRAFIAS E QUADRINHOS


Sim, não é de hoje que os quadrinhos ganham obras autobiográficas, como o celebrado Retalhos de Craig Thompson e a obrigatória Persépolis de Marjane Satrapi e também já tivemos histórias focando o hoje não mais tão delicado, mas relevante tema da AIDS, como a clássica reflexão sobre o assunto pela própria Morte, irmã do Sandman, pelas mão de Neil Gaiman e também o onipresente Maurício de Souza já trabalhou a questão criando dois personagens, o Igor e a Vitória, que são portadores do vírus HIV, mas poucos uniram as duas experiências como Pílulas Azuis, de Frederik Peeters.

            A obra me chegou às mãos através da indicação (e empréstimo solidário) do amigo José Carlos que me afirmou que era a cara do blog. E ele tinha razão. Não se trata de um dramalhão, embora tenha seus momentos mais dramáticos e nem uma cartilha, embora saiba esclarecer muita coisa sem ser chato, e sim uma obra poética em que o personagem/autor abre sua intimidade compartilhando a experiência de se relacionar com alguém portadora do vírus HIV já com um filho de 3 anos que também é portador.

            Tudo levaria a um melodrama, mas Frederik é um contador de histórias de mão cheia e sabe balancear bem o romance, humor e situações bem ternas com um texto que flui, ora poético (... acho que as cidades engendram constantemente desconhecidos... numa respiração lenta e vital... e, de tempos em tempos, entre os desconhecidos, algumas pessoas especiais...), ora coloquial (papos na cama, cortando o cabelo ou tomando café).

Pílulas Azuis, é uma obra sensível que ao tempo que emociona, esclarece e quebra preconceitos e com direito à debates com um mamute gigante.

Boa leitura!


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