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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Adolfo Aizen, o pioneiro na defesa da utilização das HQs como ferramentas educacionais

O jornalista e editor russo Adolfo Aizen (* Ekaterinoslav, 10/06/1907 - † Rio de Janeiro, 1991) foi um dos maiores defensores das HQs como ferramentas educacionais. Da sua famosa fábrica de sonhos infanto-juvenis, a editora Brasil-América (EBAL), localizada no bairro carioca de São Cristóvão, saíram gibis, revistas e álbuns que encantaram brasileiros e muitos estrangeiros, de diversas faixas etárias, ao longo de cerca de 35 anos de trabalho, embora a luta desse pioneiro tenha começado bem antes da fundação da EBAL em 1945.

De acordo com Gonçalo-Junior (2004) durante muito tempo acreditou-se que Aizen era baiano, porém, a informação não é verídica. Ao que tudo indica este boato existiu para pudesse abrir a editora pois, na época, não era permitido que estrangeiros fossem proprietários de empresas ligadas ao ramo das comunicações.

Em 1933 Adolfo Aizen trabalhou na Editora “O Malho” responsável pela publicação da famosa revista O Tico-Tico. Começava assim a epopeia do presidente da Editora Grande Consórcio de Suplementos Nacionais que levaria adiante o histórico Suplemento Juvenil, lançado por Aizen em 1934, após seu retorno dos EUA, onde fez contatos com grandes empresários e empresas da indústria norte-americana dos quadrinhos, sobretudo com a King Features Syndicate (detentora dos direitos autorais de quadrinhos famosos como Flash Gordon, Jim das Selvas, Mandrake, Fantasma, dentre outros títulos).

A sua luta pela educação de jovens, por meio dos quadrinhos, teve início com a publicação, em 1948, da revista “Edição Maravilhosa”, que em seu primeiro número estampava uma adaptação da obra literária Os Três Mosqueteiros, tal qual ocorrera com a primeira edição da famosa Classics Illustrated, em outubro de 1941, nos Estados Unidos.

A Edição Maravilhosa, seguia o modelo lançado por sua irmã norte-americana, em relação ao contexto de quadrinizar grandes obras da Literatura Universal, como Moby Dick, O Morro dos Ventos Uivantes, dentre muitas outras, além de ousar, face às demais revistas do gênero, existentes em diversos países, que também seguiam o padrão da citada Classics Illustrated. Foi a primeira a valorizar a Literatura Nacional e com adaptações dos roteiristas e ilustradores da própria EBAL.

Dessa forma, obras como Mar Morto (Jorge Amado), Menino de Engenho (José Lins do Rego), Cabocla (Ribeiro Couto), A Moreninha (Joaquim Manoel Macedo), O Guarani (José de Alencar), O Navio Negreiro (Castro Alves), dentre muitas outras, também famosas, foram adaptadas e quadrinizadas por artistas como André Le Blanc (assistente do general Will Eisner), Nico Rosso, Eugênio Collonese, Pedro Anísio e Ivan W. Rodrigues.

Fonte: LOTUFO, C.A.; SMARRA, A. L. S. . Os Super-Heróis Brasileiros que Educam por Meio dos Quadrinhos. In: Nataniel dos Santos Gomes; Daniel Abrão. (Org.). Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades - Refletindo sobre o uso das Histórias em Quadrinhos em Sala de Aula. 1ed.Curitiba: Appris, 2014, v. , p. 157-176.

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