“Sempre me perguntei porque ninguém nunca tentou. Tipo, com
tanto filme e seriado baseado em gibi, é de se pensar que pelo menos um carinha
mais excêntrico teria feito uma fantasia... Qualé... fala sério. Todo mundo já
quis ser super-herói.”
E é assim
que começa e termina uma das sagas mais interessantes, corajosas e violentas
dos quadrinhos americanos dos últimos tempos. Um garoto que passou a vida lendo
gibis decide colocar um colante e com dois bastões tenta lutar contra o crime.
Obviamente, a coisa não seria tão fácil. A proposta seria trazer esse universo
de fantasiados sem poderes para o mundo real, onde não é possível lutar contra
gangues armadas com golpes de karatê. Ou não? Afinal, não deixa de ser uma
história em quadrinhos. Qual seria o limite?
A obra é magistralmente
escrita por Mark Millar (que vem construindo seu próprio universo autoral com
várias obras adaptadas para o cinema, como wanted: procurado, Kingsman e o
próprio Kick-Ass, além de ser responsável pela Guerra Civil da Marvel e os
Supremos, a melhor versão dos vingadores já escrita) e desenhada pelo
inigualável John Romita Jr (artista de X-men, Homem de ferro, Homem Aranha,
Justiceiro, Wolverine, Hulk, dentre outros).
Ao tempo
que a história comece pela realidade ela se esbarra com Big Daddy e Hit-Girl,
pai e filha que nos moldes tradicionais dos quadrinhos treinaram a vida toda
para dar uma surra nos bandidos, permitindo-se a fantasia de uma criança
cortando um adulto ao meio com uma katana, havendo um constante entrelace entre
a realidade e o imaginário, pois nada disso é isento de sacrifícios e perdas
como na vida, embora numa passagem repleta de significados a Hit-Girl, com uma
piscadela, diz para o Kick-Ass: “Te vejo nos gibis”.
Mas, por
que falar desse quadrinho nesse blog sobre educação? Bem, primeiro porque aqui
também é para se falar de quadrinhos, mas porque num momento de desespero o
próprio protagonista questiona o universo dos heróis e gibis. Que desperdício
de vida, que informações inúteis. Por que perder tempo lendo quadrinhos?
E numa
visão de seus pais vem a resposta: “Eles não dão só escapismo, mas otimismo em
cada edição. Os heróis nos lembram que qualquer apuro tem solução e que
desistir não é opção. Que lição melhor que essa para crescer?”
Então é
isso.
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