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sexta-feira, 3 de julho de 2015

PALAVRAS VIVAS: CONSIDERAÇÕES INESCRITAS

Sem dúvida outras obras em quadrinhos já fizeram referências literárias e brincaram com personagens da ficção, como Neil Gaiman com Sandman, Alan Moore com sua Liga Extraordinária e as Fábulas de Bill Willinghan, mas nenhuma foi tão contundente quanto O Inescrito de Mike Carey e Peter Gross. Aqui o autor procura provocar o leitor com temas que vão do sensacionalismo midiático até a efetiva capacidade dos livros mudarem o mundo.

  A história tem como fio condutor Tommy Taylor, filho de Wilson Taylor, autor de um dos maiores best sallers  dos últimos tempos que narra as aventuras de um garoto bruxo. Ocorre que Tommy é incessantemente comparado pelos fãs com a criação de seu pai e, logicamente, o fato de ambos possuírem estéticas muito semelhantes às de Harry Potter e Timothy Hunter (Personagem de Neil Gaiman nos Livros da Magia e que já levou J. K Rowling a ser acusada de ter plagiado este na criação de Potter) não é mera coincidência.

  Porém, quando o pai de Tommy desaparece, surge um mistério e pistas que levam à pergunta se ele, na verdade, não seria mais do que uma inspiração para o personagem, mas o próprio personagem que ganhou vida!

  Assim, repleto de metáforas literárias, como o encontro com o monstro de Frankenstein, boas sacadas como o inconsciente coletivo representado pela baleia Moby Dick e conspirações milenares a grande sacada da série são as várias possibilidades de se analisar o papel e a relevância da leitura.


 E sem entregar as suas várias surpresas, vale destacar o volume 7 das edições encadernadas que considero uma das melhores histórias em quadrinhos dos últimos 10 anos (foi publicada nos EUA em 2012 e aqui pela Panini em 2014), a qual trás as edições 31 a 35 da série, sendo um interlúdio que pode ser lido mesmo por quem não leu as anteriores, pois não aparecem os personagens principais, mas narra como ao longo da história a publicação e divulgação de histórias são manipuladas a fim de se garantir certos interesses, como a queima de papiros na China, como uma charge pode iniciar uma guerra e o problema da invenção da prensa.

   Assim, O Inescrito rompe a delicada fronteira entre o real e o imaginário proporcionando mais do que um ótimo entretenimento, mas elevadas reflexões sobre o papel dos livros em nossas vidas.


Boa leitura!


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