Pesquisar este blog

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A SAGA DA FAMÍLIA E SEU GÊNERO



Semana passada eu e os professores Marcelo e Carolina realizamos junto a alguns alunos de Direito uma oficina para debatermos a questão da família e o respectivo problema de gênero em razão de um projeto de lei de número 6583/2013 que deseja instituir o Estatuto da Família, com o grave equívoco (no entender deste humilde blogueiro) de resumir seu conceito como aquela formada pela união de um homem com uma mulher ou pela comunidade formada por qualquer um dos pais e seus descendentes.

Para tanto levei a novíssima e espetacular obrar de Brian K. Vaughan, o primeiro encadernado de SAGA, um quadrinho, para o espanto de alguns, que traz as aventuras de uma casal alienígena oriundos de raças diferentes que estão em guerra e que por terem tido um filho são caçados por ambos os governos ao colocarem em risco a fidelidade de seus exércitos e em dúvida a legitimidade do conflito, além da curiosidade científica sobre o fruto gerado.

Mas, qual a relação?

O principal ponto de discussão no projeto é a grande exclusão que a lei faria sobre as outras possibilidades de família, como casais homoafetivos, netos morando com avós ou irmãos que perderam os pais, podendo influenciar de forma negativa na restrição de uma série de direitos e políticas públicas de assistência, além do incremento da própria discriminação.

Esse projeto, em verdade, apenas tenta impor um olhar de mundo, valores próprios do grupo que representa, sem respeitar as várias minorias existentes que no conjunto forma a maioria.

Nos quadrinhos de Vaughan há uma passagem peculiar que foi usada na oficina. Diante da perseguição e do pequeno bebê que chegara, o pai aconselha ficarem na “surdina”, serem mais discretos, pois tinham uma família para cuidar.

Porém, ele é interrompido asperamente pela nova esposa, o acusando de que ter uma família era o lema dos perdedores, pois durante anos seu pai viveu num emprego que odiava, o que o deprimia e que aos poucos fez com que tratasse os filhos como lixo.
E o rapaz atônito, como é comum ao homem, não sabendo como lidar com a situação pergunta o que deveriam fazer, tendo como resposta segura da mulher: “Quero mostrar o universo para nossa filha”.

Bem, talvez esse seja o melhor conceito de família que já tenha lido, pois família não é isso? Acolher, dar a mão ao tempo que desbrava o horizonte? Estar junto nos momentos mais difíceis? Criar, educar e mostrar sem medo tudo o que o mundo tem a oferecer, independente da espécie, raça ou gênero?

Família é ter alguém ao seu lado para juntos verem o universo.


Boa leitura. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário