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sábado, 30 de maio de 2015

Quadrinhos na Sala de Aula Universitária: Uma Lição de Antropologia Cultural

 Cada vez mais professores, de todos os segmentos, do C.A. à  Pós-Graduação, utilizam as HQs como ferramenta de ensino. Há muitos anos que integramos o coral de colegas como Luciano Filizola, Nataniel Gomes e André Smarra, que defendem   a Nona Arte como um forte instrumento de Educação.

Assim como eles, questionamos: por quê os quadrinhos NÃO podem ser considerados uma obra de arte, já que de maneira isolada, uma pintura o é e um livro também ? Por quê quando juntamos desenhos, grafismos, ilustrações   e pinturas em quadrinhos maravilhosas com textos bem articulados, antenados com as épocas em que foram escritos, deixamos de ter uma obra de arte ? Essa visão arcaica, atrasada, conservadora e etnocêntrica do século passado ainda permanece, infelizmente, em muitas cabeças, sobretudo no Brasil, apesar do reconhecimento que as HQs ganharam nos últimos anos, junto aos artistas,escritores e educadores.

Recomendamos para os que possam se interessar, a leitura de  nossos três livros sobre Quadrinhos & Educação, tão bem organizados e editados pelo Prof.Dr. Nataniel Gomes e sua equipe, "QUADRINHOS & TRANSDISCIPLINARIDADE"; "PARA O ALTO & AVANTE" e, "GRANDES PODERES TRAZEM GRANDES RESPONSABILIDADES", a fim de que percebam como esse tema é sério e já faz parte de currículos pedagógicos e de programas de pós-graduação de várias universidades.
Enquanto professor universitário da área de Antropologia NÃO podemos deixar de trabalhar com HQs. E quando o tema é  " Etnocentrismo X Relativismo Cultural " utilizamos diversas HQs de heróis e super-heróis, clássicos ou contemporâneos, para ilustrar o tema.
                 
O Almanaque de Super-Homem do ano de 1979 é um clássico do Relativismo Cultural, e por isso mesmo tornou-se uma " Edição de Colecionador ", que aliás vale uma pequena fortuna, em língua inglesa, o que já não acontece com a edição brasileira, publicada pela saudosa EBAL, do Dr. Adolfo Aizen.

No final dos anos 1970, os EUA, enfrentaram um conflito étnico terrível, em várias cidades, sobretudo Los Angeles, envolvendo boa parte da população negra e policiais. Uma violência idescritível, com mortes e destruição por todos os lado. 

O time da DC Comics lançou, na forma de almanaque anual, o famoso álbum " A luta do século para salvar a Terra: Muhammad Ali X Superman. Um dos maiores representantes da luta negra pela paz, o famoso boxeador campeão mundial, que teve o cinturão de ouro tomado pelo governo pelo fato de ter se recusado a servir na Guerra do Vietnã, Cassius Clay ( na prisão foi convertido à Religião Muçulmana e rebatizado Muhammad Ali ), enfrentou nada menos que o " defensor da Terra ", o maior ícone do povo branco e cristão norte-americano, Superman, em um ringue interplanetário, no espaço sideral, para salvar o planeta Terra, em um combate épico, com uma platéia lotada pelas principais autoridades e personalidades daquela época. Os detalhes da luta pouco importam... O combate terminou empatado e a Terra foi salva graças à união desses dois guerreiros, um dos quadrinhos e outro de carne-e-osso. Uma lição que brancos e negros norte-americanos parecem ter esquecido. Que seja realizada    uma    nova competição étnica     pela paz no    mundo,                                    organizada pelas HQs, quem sabe, agora, promovida pela Marvel Comics ?!









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