Sempre defendi que os quadrinhos não funcionam como
manuais, ou seja, não servem para serem didáticos, pois correm o risco de
minimizarem a questão problema. Porém, sem dúvida, devem abordam temas
suscitando reflexões e questionamentos. E a política, mesmo a partidária e
republicana, não se esquiva disso.
Inclusive, a primeira história em quadrinhos que me tornou
um leitor assíduo, foi uma intitulada “Capitão América para presidente”. Ela
foi lançada em 1980, mas publicada aqui pela Abril em 1984 e narra um atentado
contra o congresso de um partido político independente dos EUA que é obviamente
mal sucedido pela intervenção de nosso herói, o qual passa a ser cogitado como
candidato à presidência. Isso ganha os jornais e levanta várias questões em
razão do símbolo que ele representa, mas também dúvidas sobre como ele lidaria
com o oriente médio e a expansão da então União Soviética.
A maturidade dos temas tratados fugia tanto dos já
cansativos embates entre heróis e vilões que me despertou o interesse de
acompanhar esse universo que é tão múltiplo, percebendo como era possível lidar
com tais assuntos, mas de forma tão interessante.
Mais recentemente tivemos a série Ex Machina, escrita por
Brian K. Vaughan e lançada em sua íntegra aqui no Brasil pela Panini e que
narra a história daquele que seria o único heróis que já existiu na Terra que
tinha o dom de se comunicar e falar com as máquinas. Porém, depois de um tempo
ele percebe que seria muito mais útil e suas ações atingiriam um número muito
maior de pessoas se ele fosse prefeito. E assim, ele se candidata e se torna
prefeito de Nova York tendo que lidar com situações como racismo, casamento gay
e problemas de energia.
Assim, não como cartilha, mas com histórias instigantes e
provocativas os quadrinhos também despertam o interesse e a consciência
política.
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